A Dislexia pode ser definida como:
“Uma perturbação especifica de aprendizagem, de origem neurobiológica, caracterizada por dificuldades no reconhecimento fluente e preciso de palavras, na ortografia e na descodificação. Estas dificuldades resultam de um défice na componente fonológica da linguagem e são frequentemente inesperadas face às capacidades cognitivas do sujeito e o acesso a ensino adequado. Como consequências secundárias, podem surgir dificuldades na compreensão de textos e reduzida experiência de leitura, o que impede o crescimento do vocabulário e a aquisição de conhecimentos.” (Lyon, Shaywitz e Shaywitz, 2003, citado por Monteiro, 2014)
O DSM-5 (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders) enquadra a dislexia nas Perturbações Neurodesenvolvimentais, nas Dificuldades Específicas de Aprendizagem. Apender a ler e a escrever é uma das grandes tarefas da infância, mas infelizmente muitas crianças deparam-se com grandes dificuldades na aprendizagem da leitura (Monteiro ,2014).
Segundo a Associação Portuguesa de Dislexia, “Nos dias de hoje, as dificuldades de leitura e escrita continuam a constituir um dos principais obstáculos que surgem ao longo da escolarização, na medida em que, além da dificuldade na aquisição da leitura ou escrita em si, causam dificuldades em outras áreas de aprendizagem, condicionando todo o percurso escolar do aluno.”. (APD, s.d.)
Uma criança que apresente dificuldades em distinguir letras, formar palavras e compreender o seu significado não é preguiçosa, pouco inteligente ou imatura. Precisa apenas de realizar tratamento terapêutico e receber apoio no processo de ensino-aprendizagem, para que consiga ter sucesso (APD, s.d.).
Segundo Manuela Luís Cameirão, no livro Psicologia e Psiquiatria da Infância e Adolescência, se a avaliação do risco de desenvolvimento da dislexia se iniciar no período pré-escolar, a criança poderá beneficiar, o quanto antes, das medidas de apoio que estão previstas na legislação:“(…) podem usufruir de apoio pedagógico personalizado ao nível da leitura e da escrita e de adequações no processo de avaliação (por exemplo, terem mais tempo para terminarem as tarefas, beneficiarem de leitura prévia dos testes por parte do professor, não penalização dos erros ortográficos).” (Monteiro ,2014)
Quando são observadas dificuldades na criança como: “fraca motivação para realizar tarefas que envolvam competências de leitura e escrita; evitar atividades que exijam ler em voz alta, pelo medo de exposição; ansiedade em momentos de avaliação; sentimento de insegurança e vergonha como resultado dos fracassos sucessivos”, esta deverá ser encaminhada para uma consulta de psicologia e/ou educação especial, para que seja realizada uma avaliação psicopedagógica, para despistar a dislexia (APD, s.d.)
A dislexia surge muitas vezes associada a outras perturbações do desenvolvimento (perturbações específicas da linguagem e a perturbação de hiperatividade e défice de atenção, ou a perturbações emocionais). Por isso, é importante existir uma avaliação conjunta entre um psicólogo educacional e um pediatra do desenvolvimento. “Com base nesta avaliação são sugeridas variadas estratégias de treino fonológico, treino da leitura, treino da escrita, desenvolvimento de métodos de estudo, técnicas de redução da ansiedade face às tarefas escolares e desenvolvimento de uma autoestima positiva.” (Silva, s.d,)
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Bibliografia:
MONTEIRO, P. (2014). Psicologia e Psiquiatria da Infância e Adolescência. Capítulo 9: Dificuldades Específicas de Aprendizagem: Dislexia e Discalculia. Manuela Luís Cameirão. LIDEL-Edições Técnicas, Lisboa.
O que é a dislexia? Dislex-Associação Portuguesa de Dislexia. Acedido a 30 de junho de 2020, em: https://www.dislex.co.pt/o-que-%C3%A9-a-dislexia.html.
Silva, F. G. Compreender a Dislexia. CUF. Acedido a 30 de junho de 2020, em: https://www.cuf.pt/mais-saude/compreender-dislexia