A esquizofrenia é uma doença grave e multifacetada, que afeta quase 21 milhões de pessoas em todo o mundo! Atendendo à variedade das suas manifestações, é habitual falar-se não apenas de uma esquizofrenia, mas de esquizofrenias.
Em termos clínicos, trata-se de uma patologia do cérebro que afeta de forma grave a capacidade de pensar da pessoa, a sua vida emocional e o seu comportamento global. Neste processo, são desencadeados vários sintomas, aos quais comummente chamamos “sintomas psicóticos”. Normalmente, os sintomas são classificados de acordo com uma das duas tipologias de sintomas: os sintomas positivos e os sintomas negativos. Os “sintomas positivos”, referem-se a alucinações (ver ou ouvir coisas que não existem), delírios (crenças de natureza bizarra ou paranoide desenquadradas do entendimento do senso comum) e podem ter associação a dificuldades cognitivas (atenção, concentração e abstração); por sua vez, os “sintomas negativos”, que traduzem uma espécie de dessubstancialização da personalidade, implicam a diminuição ou perda da vontade, a apatia, o embotamento emocional e afetivo e sintomas afetivos, como ansiedade, depressão e outras alterações emocionais.
Até hoje continua por esclarecer de forma clara e inequívoca a etiologia da esquizofrenia. Todavia, pensa-se que diferentes fatores, como os genéticos, ambientais ou uso de drogas e outras substâncias ilícitas, podem contribuir para o desenvolvimento da esquizofrenia.
Embora nem sempre aconteça desta forma, geralmente, os primeiros sinais de esquizofrenia têm início durante a adolescência ou no início da idade adulta. Tanto os homens como as mulheres podem vir a desenvolver esquizofrenia, sendo que nos homens os sintomas tendem a surgir um pouco mais cedo.
Pela severidade dos sintomas implicados, a esquizofrenia assume um grande impacto na vida dos doentes, podendo influenciar gravemente o seu estilo de vida e a participação e imagem social. Note-se que os défices cognitivos e os sintomas negativos, são os principais fatores concorrentes para o prejuízo ao nível do funcionamento social e integração social.
Um estudo realizado em Portugal (2015) por uma equipa Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa (“O custo e a carga da esquizofrenia em Portugal”) concluiu que a prevalência da esquizofrenia em Portugal “será de cerca de 48 mil doentes”, dos quais 7 mil não têm acompanhamento médico. Os custos com esta doença atingem os 436,3 milhões de euros anuais!
Estes dados são, sem dúvida, preocupantes e deveriam servir de alerta para o desenvolvimento de um “olhar mais atento” e uma atitude preventiva no âmbito do apoio e acompanhamento médico e sociocomunitário destes doentes!
O diagnóstico da Esquizofrenia e a definição da abordagem terapêutica de cada pessoa deverá ser orientado pela história clínica e pelo resultado da avaliação psicológica.
Idealmente, o tratamento da patologia deverá ter base uma intervenção multimodal que passa pela prescrição de medicação antipsicótica, psicoterapia e outras formas de apoio sociocomunitário com o objetivo de reduzir ou eliminar os sintomas, de modo a otimizar a participação do indivíduo nas atividades diárias e reduzir o número de recaídas.
Necessita de mais informações? SIM, fale connosco!
Bibliografia:
O custo e a carga da esquizofrenia em Portugal. (2015). Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, Centro de Estudos de Medicina Baseada na Evidência