Dormir é algo natural e essencial ao ser humano, tal como respirar e comer, no entanto como é um hábito natural, não paramos pra refletir sobre sua importância para a vida. Quando pensamos numa vida saudável e com qualidade, devemos pensar que o dormir, mais concretamente o sono, é um fator que está intrinsecamente ligado a estes conceitos. O sono é uma das necessidades primordiais do ser humano, após o organismo passar por um período de atividades físicas e mentais. Tem o papel fundamental de relaxar e reestabelecer o organismo para o novo ciclo de atividades (Zanquetta, 2013).
E então o que é o sono? O Sono carateriza-se por uma situação fisiológica de atividade cerebral, natural e periódica, em que o estado de consciência varia, reduzindo a sensibilidade aos estímulos ambientais, seguido de específicas posturas corporais e motoras, além de alterações autónomas (Gomes, Quinhones & Engelhardt, 2010).
Rente & Pimentel (2004) definem o sono como sendo: “aquele que proporciona ao sujeito uma sensação de bem-estar, de descanso físico e mental, de noite “bem-dormida”, com recuperação de energias, permitindo-lhe executar em boas condições físicas e mentais as tarefas do dia seguinte”. O sono é então um processo biológico natural do organismo e essencial à reparação e manutenção do equilíbrio bio-psico-social do ser humano.
Atualmente sabe-se que o sono é responsável por diversas funções no organismo do ser humano (consolidação da memória, remodelação sináptica, produção de hormona do crescimento, etc.), porém continua a esconder diversos enigmas (Afonso, 2008).
A qualidade do sono representa então um indicador importante na saúde e no bem-estar das pessoas, assumindo-se assim como um elemento que proporciona qualidade de vida (Carlos, Carmen & Domingo, 2002). Assim sendo, a sua perturbação afeta de uma forma consistente, cada uma dessas componentes, tendo efeitos físicos, psicológicos e sociais (Monti & Monti, 2008).
Ao longo dos anos, tem-se evidenciado que existe um forte impacto do sono na saúde física e mental dos indivíduos. As perturbações nos padrões do sono podem traduzir-se num elevado risco de perturbações somáticas e psicológicas, afetando negativamente a qualidade de vida das pessoas (Morales, Lozano & Casal, 2005).
Segundo Ribeiro (2010), as pessoas que acumulam o hábito de não dormirem as horas suficientes e não dormem bem, correm o risco de terem doenças como hipertensão, colesterol alto, enfarte, ataques de pânico, gripes constantes, entre outros. De acordo com Nahas (2003, pg. 211), “dormir pouco ou irregularmente confunde o relógio biológico, deixando-nos com a sensação de cansaço, reduzida capacidade de trabalho, mau humor, menor capacidade de concentração, e maior risco de acidentes” A redução do sono aumenta a probabilidade de se ter doenças infeciosas, uma vez que a estabilidade das defesas é «organizada» durante o tempo de descanso (Paiva, 2008). Paiva (2008) afirma ainda que quem dorme menos de seis horas diárias ou mais de nove horas tem um risco acrescido de vir a sofrer de insónia, hipertensão, obesidade, depressão, cancro, diabetes, doenças cárdio e cerebrovasculares.
O sono agitado pode ser um sinal e sintoma de várias doenças e pode estar associado a uma diminuição na qualidade de vida. Um distúrbio de sono crónico pode aumentar o risco de acidentes e afastamento do trabalho bem como prejudicar a vitalidade, funcionamento social, doenças físicas e mentais, isto é, a qualidade de vida em geral (Lund, Reider, Whiting, & Prichard, 2010).
A privação do sono pode causar problemas a nível emocional, social, académico e profissional. “Na vida diária, o sono interfere no humor, na memória, na atenção, nos registros sensoriais, no raciocínio, enfim nos aspetos cognitivos que relacionam uma pessoa ao seu ambiente e que determinam a qualidade do seu desempenho e da sua saúde” (Valle, 2013).
Assim, deve ser promovida a valorização do sono como processo fisiológico indispensável à nossa saúde física e psicológica, bem como a adoção de comportamentos e hábitos de sono saudáveis.
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Bibliografia:
Afonso, P. (2008). A relação entre os padrões do ciclo sono-vigília e os sintomas positivos e negativos da esquizofrenia. Dissertação de Mestrado, Faculdade de Medicina, Lisboa. Disponível em http://repositorio.ul.pt/bitstream/10451/1019/3/ulsd_tm_17324_RE.pdf
Carlos, S., Carmen, J., & Domingo, M. (2002). Calidad del sueño en estudiantes universitarios: importancia de la higiene del sueño. Salud Mental, 25(6), 35-43. Disponível em http://www.redalyc.org/pdf/582/58262505.pdf
Gomes, M., Quinhones, M., & Engelhardt, E. (2010). Neurofisiologia do sono e aspectos farmacoterapêuticos dos seus transtornos. Revista Brasileira de Neurologia, 46 (1), 5-15. Disponível em http://files.bvs.br/upload/S/0101-8469/2010/v46n1/a003.pdf
Lund, H., Reider B. D., Whiting, A. B., & Prichard, J. R. (2010). Sleep patterns and predictors of disturbed sleep in a large population of college students. J Adolesc Health, 46(2),124-32. Disponível em http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20113918
Monti, J., & Monti, D. (2008). Human Sleep: Sleep and Quality of Life in Clinical Medicine. New York: Humana Press.
Morales, E., Lozano, M., & Casal, G. (2005). Sueño u Calidad de Vida. Revista Colombiana de Psicologia, 14(1), 11-27. Disponível em http://dialnet.unirioja.es/servlet/articulo?codigo=3245867
Nahas, Markus Vinícius. Atividade física, saúde e qualidade de vida: conceitos e sugestões para um estilo de vida ativo. 3ª edição. Londrina: Midiograf, 2003.
Paiva, T. (2008). Bom Sono, Boa Vida. Cruz Quebrada: Oficina do Livro.
Rente, P. & Pimentel, T. (2004). A Patologia do Sono. Lisboa: Lidel – Edições Técnicas, Lda.
Ribeiro, S. (2010). Dormir Bem, Jornal de Notícias n.º 19, 85.
Valle, Luiza Elena Leite Ribeiro do; Márcio Ribeiro do Valle; Eduardo L. Ribeiro do Valle. Sono e aprendizagem: Avaliação do sono na fase escolar. 1º Congresso Brasileiro de Aprendizagem & Educação Complementar. Disponível em: http://www.congressodeaprendizagem.com.br/index.php?option=com_content& view=article&id=67:sono-aprendizagem&catid=34:artigos&Itemid=74> Acesso em: 13 de Dezembro de 2018.
Zanquetta, Paulo Sérgio. (2013). Sono e Qualidade de Vida. Secretaria de Estado da Educação do Paraná Superintendencia da Educação Diretoria de Políticas e Programas Educacionais Programa de Desenvolvimento Educacional Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Disponível em: http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/cadernospde/pdebusca/producoes_pde/2013/2013_utfpr_edfis_pdp_paulo_sergio_zanquetta.pdf. Acesso em 13 de Dezembro de 2018.